quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A genética é tramada


“Dias melhores virão.” Não, dias melhores não virão. Manter-se-ão escondidos ou apagados no fundo dum mar profundo que, como uma pequena criança, não serei capaz de alcançar. Os meus dias são como virar de páginas em branco. Passando umas poucas já não temos excitação em as rodopiar e assim acabamos por desistir a meio. O pior de tudo talvez seja o facto de não nos permitirem parar; somos de alta sociedade, temos um nome a honrar, não podemos de maneira alguma “estar infelizes” pois temos tudo o que precisamos. Agora pergunto-me o que me fez tomar uma decisão como esta. Será que eu teria mesmo tudo? Ou o tudo para alguém pode não significar nada para mim?

Enfim, sonhos são sonhos. Foram inventados para serem destruídos. Pode até parecer pessimismo mas sei que essa era e sempre será a finalidade dos sonhos. No entanto há quem escape à regra. Tal como tudo. E sim “tudo” inclui a morte.

Como todos os adolescentes, como os grandes gostam de dizer, eu preciso de atenção. Não nego, não me ofendo com essa acusação. Quando não a tenho sinto-me fraca por mais forte que o meu coração seja, frágil mesmo sabendo que já fora partida em mil, suicida mesmo quando já amei a vida.

Sabem como é? Sofrer sem dizer absolutamente nada e ainda cobrir toda a porcaria com um enorme sorriso choroso? Ninguém vê. Digo-vos com todas as certezas; ninguém vê nada. Podes ter uma faca a atravessar-te o coração e até podes estar a sangrar deixando um rasto de ti em todo o lado que vais, mas aquela faca serrilhada é tão invisível para os olhos dos outros como é para ti visível a dor. Sim, visível. Apesar de ser pouco concreto. Podes andar com uma corda ao pescoço dando até na mão do inimigo o topo da mesma de forma a facilitar tudo, mas não a puxam. Outra vez, nem a vêem.

De novo, tudo se resume a vingança daqueles que não foram vistos.

“Se não nos viram porque haverei eu de perder o meu tempo a observá-los?”. Tudo isto está preso na mente (naquela parte inconsciente) como um anzol e infelizmente a genética é tramada.

Never Believe in Dark Lights
Tikita

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um final mais feliz

"Vi-o naquelas cores tão honrradas mas tão insensíveis e pedi a Deus que estas não se transformassem em sangue do meu amado.
Beijou-me o gesto molhado enquanto lhe consertava a farda e apertei-lhe os atacadores tal como as suas mãos trémulas.
- Mãe, o senhor chegou.
Apressei-me à entrada do sofrimento, abri-a de coração perdido e cai no chão num choro que se igualava o estrondo dos rastilhos e das balas da Pátria.
Não o queria perder. Não para algo em que não acreditava. Quem faz a guerra que morra nela mas não roubem aqueles que têm outras batalhas: a da felicidade e simplicidade, que era a nossa.
Com todo aquele mar salgado, que me roubava o oxigénio e o marido, não o consegui ver, mas imaginei-lhe os passos de despedida.
- Nunca percas a esperança, meu amor. - Dirigiu-se ao meu corpo sem alma, penso eu.
E foi a última coisa que ouvi dele."

Aplaudiram pelo acto de corajem da viúva, logo que esta largou o microfone. Uma a uma as pessoas entregavam-lhe os seus pêsamos e beijavam a face rechonchuda do rapaz que agora iria partir em nome do seu falecido pai, desejando-lhe um final mais feliz.

Never Believe in Dark Lights
Tikita

sábado, 16 de julho de 2011

E tu que dizias que era amor

Tanto medo que lhe envolve a garganta. Tanto receio do barulho da solidão. Tão desesperada procura pela sua parede que só vai aparecer quando ela se deixar cair naturalmente. Aquela não é a sua parede e ela sabe bem disso. No entanto, tem de se apoiar em algo porque não quer correr o risco de se magoar. Que, se pensarmos bem é o que está a fazer.
Não é muito inteligente, não é perspicaz, não sabe falar consigo própria e não se sabe integrar.
Não vai valer muito neste mundo e, vergonhosamente (ou não) não tenho pena...
Com beiço posto e pena rigorosa consegue iludir-se a ela mas a mais ninguém.
Ao início duvidei, era tudo o que não estava a espera. Passado pouco tempo tive a certeza que ele não era a tua parede... Mas o desespero, como ja té disse, é a última arma humana, e tu quiseste iludir-te. Apesar de não morrer de amores por ti lá te quis avisar. Ignoraste-me porque era a maneira mais fácil de esconderes essa dolorosa verdade.
Amua pelo seu receio de ser rebaixada e então, fica sem parede.
Never Believe in Dark Lights
Tikita

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Última Arma Humana


Hoje vi um tempo. Era simples e numerado de paz a silêncio. Tentei contá-lo mas ele passou demasiado depressa diante da minha vida.
Dei por mim a falar do tempo e a puxar outra vida diante mim:
Chorava pela necessidade de alimento ou de bem estar, era demasiado fragil para chorar pela mesma razao que eu. Mas ás vezes desejava que me percebesse. Quem alguém tivesse a capacidade de o fazer.

Um tempo que me manipolou ao seu prazer, odiava-o. Contudo, pedia-lhe por clemência. Por mais que soubesse o ridículo pedido que lhe fazia, tinha de tentar.
O desespero é a útima arma humana.
Neste momento estava em guerra.


Uma guerra de sobrevivência, não minha, mas daquele ser empurrado pelos meus desgastos braços de mãe prematura.

"Que o tempo para ti seja um escudo contra a vergonha, o medo, a indecisão e o arrependimento".

Deixei-me engolir pelo barulhento silêncio da rua em contraste puro com o interior tão pacífico.

Prometera a mim mesma nunca me queixar de uma vida que alguém estaria disposto a roubar sem medo de prisão. No entanto, aquele choro de ser por criar, menino meio comido pela solidão...

Fui contra os meus princípios...


«História da tipica mãe abandonada com uma criança por criar... »



Never Believe in Dark Lights
Tikita

domingo, 5 de junho de 2011

Quimica Fashion

3 de Junho de 2011
Fugi da rotina com receio do diferente, do palco. Do meu corpo e das luzes. Da auto-estima e dos aplausos...
Fugi um pouco de mim e valeu a pena :)
Não mesmo pelo que foi, mas por me ter dado muito em que pensar ao ver a forma de agir das pessoas naquele dia...
[Ensaios ^^]
A perfeição é aquilo que sistematicamente aprendemos; é aquilo que a sociedade destingue por bem e mal, e tu, como num beco sem saída lá tens de procurar esse parametro que de tão pessoal se torna estupidamente de todos.

Eu explico: aquela rapariga X é bonita aos dentes de todos estes predadores. TODOS eles.

Como é possível?
Não é. Apenas sabemos que, segundo o manual da gente humana, aquela é bonita e nada mais há a acrescentar.
A menos que realmente todos sejamos iguais.
Que, honestamente, já tive mais longe de acreditar...

Never Believe in Dark Lights
Tikita

terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu, Tu, Nós ou Nada


Não tenho pena. A pena é o reflexo do Humano e eu adoro o que sou. Só subo às costas de quem caiu porque eu já fui o próprio chão. Faço aos outros o que não gostei de fria vingança e, aparentemente, sou a melhor naquilo que faço.
Discretamente o chumbo trespassa-lhes a garganta antes do mágico tiro da estupidez.
São tão fracos como estúpidos e eu, vigorosa e inteligentemente, passo-lhes ao lado da idiotice percoce da fala do papagaio. Papagaio de progenitora sem braços, sem calor e sem chicotes de carinho.

Evintando mencionar as suas belíssimas penas, admito, mas que apodrecem e cheiram pior que as suas próprias consciências perdidas.
Valem menos que merda porque essa, apesar de todos os boatos, é sensata. Essa merda pura não se gaba do seu cheiro nem daquilo que a concebeu e por onde, vergonhosamente saiu.


Mas eu não os desrespeito... Enfim, são pobres, são os mais Humanos que já conheci.
(Obrigado, coincidência!)

Agora digo a todos os que se acham, burrice e desespero, Humanos:

Eu, Tu, Nós ou Nada...

«Eu» respeito o «Tu», ignoro o «Nós» e vivo do «Nada».
«Tu» pisas o «Eu», riste do «Nós» e o teu valor é esse: «NADA»!


A todas as pessoas que não valem o que acabei de escrever...

Never Believe in Dark Lights
Tikita

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Torre Mais Alta

- Preciso de sair. – Repeli o mais sarcasticamente após a repreensão da professora.
- Sais, tens falta! É contigo… - É só mais uma falta.E sai. Não me pareceu que ela tivesse atingindo o meu desesperado pedido de socorro. Não era uma falta de presença ao que eu me referia, mas obviamente a mente desta gente não dá mesmo para mais. Ainda ouvi o burburinho da queda épica desta aluna exemplar.
- Ela só quer ser a torre mais alta, não liguem.
Parei ao sentir o punhal cravando lentamente as minhas costas: primeiro a ponta afiada da verdade; em seguida a espessura da incompreensão e por fim o sangue a pingar por vergonha.

“ A única torre que consegue comparar o tamanho de outra é aquela que desesperadamente a quer ultrapassar. Ninguém cá de baixo as consegue relacionar.” Tentei levantar-me após a facada mas a serrilha, galopada a galopada, ia consumido a minha força. Todo o sangue queria expelir-se iradamente contra aquela ameaça.

Cheguei a casa. Gritei com a minha guarda.


Escrevi este texto quando algo semelhante a isto me aconteceu. Mas, o bom destas coisas é que no final de tudo podes sempre tirar as tuas próprias conclusões:

  • Se te dizem como deves agir, baralha-lhes os planos;
  • Se gozam contigo, tira proveito e ri-te também. Ri-te porque tu sabes que essa pessoa tem mais razões para chorar que tu;
  • Se te dizem que queres ser sempre o centro das atenções, agradece;
  • Se te chamam anti-social, diz-lhes que és bastante social com aqueles que merecem;
  • Se te dizem que estás sempre mal disposta responde-lhes que estavas bem até essa pessoa chegar;
  • Se alguém te faz chorar, lembra-te de passar por ela e sorrir;
  • Se te dizem que não és capaz, faz-lhes ver a tua vitória sem usar uma única palavra;
  • Se te ajudam por interesse próprio, ajuda-os também;
  • Se alguém odeia ver-te feliz, faz questão de lhe relembrar isso rindo;
  • Se te dizem que és marrão/marrona, explica-lhes que é inteligencia natural;
  • Se alguém te disser para parares de fazer figuras, diz-lhes que só estás a tentar desviar as atenções pelas figuras que essa pessoa está a fazer.

Respostas que na altura estavam muito longe da minha cabeça...

Never Believe in Dark Lights
Tikita